Thursday 17 December 2009

Sobre o friiiio...

Hoje pegamos pela primeira vez -19 ºC. Confesso que gelei só de olhar a temperatura na previsão. Me preparei toda. Coloquei termal underware, midlayer (um casaco mais fino, por baixo do casaco mais grosso), cachecol, gorro, luva, botas, e o casaco mais quente. Sai de casa e fui para a parada de ônibus. Sinceramente, eu não senti muita diferença para os -10 ºC que estava fazendo na última semana. Foi tranquilo. Nada de outro mundo. O grande problema é quando vem uma rajada de vento. Aí não tem nariz que aguente! Tirando isso, não passei mais frio do que na “Noite dos Insetos Assassinos”, em Mulungu. Ali sim foi frio, viu?


Acho que passei até um pouquinho de calor... Quando desci do primeiro onibus para pegar o segundo, eu vi ele passando do outro lado da rua. Como não deu para alcançar, eu não passei 15 minutos a -20 ºC esperando pelo próximo ônibus. Entrei na Starbucks em frente a parada de onibus, comprei um café, e fiquei lendo o meu livro por uns 10 minutos até que eu avistei o ônibus lá longe. Só então eu fui para a parada de ônibus, junto com algumas outras pessoas que tiveram a mesma ideia. Olha que maravilha! Vamos ver como vai ser quando chegar a -30 ºC.


E para ilustrar esse post, uma foto da Université de Montreal. Eu trabalho nesse prédio aí só até amanhã. Vou sentir saudades! Mas a escolha de não fazer o doutorado na bioinformática foi minha.



P.S. Sobre o nariz no frio de -20 ºC, os palhaços é que são felizes porque eles podem andar com a bolinha protegendo a ponta do nariz... Eu tento enrolar o cachecol e proteger o nariz, mas quem me conhece sabe que eu tenho uma "gastura" terrível de qualquer contato com o meu nariz. Mas nesse frio, o jeito é tentar se acostumar. Se eu me acostumei com os óculos, pode ser que eu consiga me acostumar com o cachecol...

Monday 7 December 2009

Carteira de motorista - parte 2

Esse é um post bem atrasado sobre a segunda parte para se tirar a carteira de motorista: O Road test.


Um dos problemas do Road Test para quem vem do Brasil é que é impossível alugar um carro com marcha manual. E a grande maioria dos brasileiros passa a maior parte da vida dirigindo carros com marcha manual.


Logo depois que se passa pela prova escrita, a gente vai pegar uma senha para marcar o teste de direção. No guichet, o rapaz oferece a carteira de aprendiz. Com essa carteira você já pode dirigir pelas ruas de Montreal acompanhado de outra pessoa que tenha carteira de Québec, e pode fazer aula da auto-escola, se quiser. Essa carteira de aprendiz, se não me engano, custa CAD$45,00. Eu preferi não comprar. Achei muito caro e não tinha nenhum amigo com carteira Quebecois e carro para treinar antes do teste de qualquer forma.


O que eu fiz algumas horas antes do teste foi pagar uma aula com um instrutor daqui que aceita alunos sem a tal da carteira de aprendiz (tudo por debaixo dos panos mesmo). Ele também alugou o carro para eu fazer o teste.


O meu teste era numa terça-feira às 9h10min. Então encontrei esse instrutor às 7h na estação de metro Henri-Bourassa. Ele foi me buscar no carro em que outro aluno estava fazendo aula antes de mim, no mesmo esquema para fazer o teste logo depois. Já no banco de trás, senti como seria estressante essa aula. Ele gritava com o menino o tempo todo, dizia que ele ia matar as pessoas, etc. Já fui ficando nervosa logo no início. Quando deixamos o rapaz no SAAQ para ele fazer o teste dele, eu peguei o carro e comecei a minha aula.


Aqui vou fugir um pouco do assunto para falar que devia ser obrigatório que todos aprendessem a dirigir com marcha manual antes da automática. Os adolescentes aqui já começam dirigindo os carros de marcha automática e nunca aprendem a dirigir carros com marcha manual. A marcha automática é ridicula. Você só precisa pisar no acelerador e no freio. Nada mais. Não tem o feeling de você aprender o quando trocar as marchas. Acho que eles perdem muito em não aprender isso.


Voltando à aula com o terrorista, foi a pior aula de todos os tempos. Ele fica o tempo todo gritando. Você não pode perguntar nada e qualquer erro que eu cometia ele dizia que eu ia matar as criancinhas no meio da rua. Tive que perguntar três vezes sobre a história da dupla parada até que ele conseguisse me explicar direito quando fazer... Quando acabou a aula, ele me deixou no SAAQ já dizendo que eu não ia passar e que podia ligar para ele depois para marcar outra aula. Valeu!


Eu fui então fazer o teste. Passei uns 20 minutos tentando me acalmar depois das loucuras daquele maluco. Tentando decidir se adiava logo o teste ou se fazia para ver no que dava. Fiquei nesse dilema até que o avaliador me chamou para fazer o teste. Ai, ai, eu estava tão nervosa... Me tremia toda. Ele já estava com a chave do carro. Ele abriu as portas, sentou no banco do passageiro, já colocou a chave na ignição e ligou o carro. Eu entrei e rezei para dar tudo certo. Ele mandou eu sair do estacionamento. Eu, seguindo as instruções do louco, fiz como me foi dito. Coloquei a mão no banco dele, me virei toda para trás, e comecei a da a ré. Fui bem devagar por que me sinto muito mais segura usando os espelhos para fazer isso, mas regra é regra. Sai do SAAQ e comecei o teste. A primeira instrução dele foi dobrar a direita num sinal na Av. Henri-Bourassa. Como estava nervosa, assim que o sinal abriu fui logo dobrando a direita sem pensar direito, quando, felizmente, lembrei dos pedestres. Ele ainda falou: Os pedestres tem preferencia. Eu respondi que sabia, que so estava nervosa. Tirando isso, o resto do teste foi ótimo. A tranquilidade dele me deixou mais tranquila. Fiz o teste direitinho, parando nos PAREs, olhando para os pontos cegos antes de dobrar, fazendo a dupla parada quando o PARE é só pra mim, e continuando na faixa da esquerda quando dobrando para a esquerda (a parte mais difícil para mim). No final do teste, a gente volta para o SAAQ e faz a baliza.Chegando no SAAQ, eu fiquei parada com o carro, esperando os que já estavam fazendo terminarem. Nesse momento eu e o avaliador demos uma boa rizada do que estava acontecendo na area da baliza. Uma menina subiu a calcada, um menino bateu no carro de tras e a outra estava presa sem conseguir estacionar e nem sair da vaga. Passamos uns 5 minutos esperando alguem conseguir sair dessa situacao ate que eu fui fazer a baliza. De novo, posicionei o carro e coloquei o braco no banco do passageiro para virar o corpo todo para tras para dar a ré. Isso é muito chato, viu? A gente tem bem menos controle do carro fazendo isso. Tudo certo. Fiz a baliza e voltei para o ponto de partida, tendo que estacionar o carro de frente em qualquer vaga. Estacionei e ele me falou: Parabéns, você passou com 100%.


Que Felicidade viu? Na mesma hora liguei para o terrorista para falar que passei. Não aconselho a aula dele antes da prova para pessoas facilmente impressionáveis. Foi bom porque muita coisa sobre o teste eu não sabia, mas se tivesse que fazer de novo, não faria com ele nem a pau. Paguei a taxa da carteira, que para mim foram $76,00 dolares porque fiz aniversário em Outubro. Todo ano você paga pela renovação, pelo que entendi.


O Márcio fez o Road test dele semana passada e também passou. Mas, segundo ele, ele teve mais problemas com o avaliador do que com o terrorista...